OS DIAS DO CÃO / rjbernardo@hotmail.com

2004-09-14

uma dor com que se brinca
  

Há casos de alucinação, êxtases icêndiados de fantasia, em que o homem subjuga ao seu transporte as férreas considerações sociais, fazendo-as reflexivas de todo o brilho da sua alegria. É por isso que as grandes paixões estão em divórcio com o juizo prudencial. No mar da vida o fanal do amor é o que mais resplende. Cegam-se os olhos e entendiamento ao que mais ansiosamente o fita. Com a mente fixa nesse clarão esperançoso que tão frouxas réstias de luz nos dá em paga de tremendos trabalhos, transcuram-se vagas e baixios que nos assaltam o pobre baixel. O amor indómito, fremente e tempestuoso é um naufrágio que se ama, uma dor com que se brinca, e, enfim um delírio honroso em qualquer criatura.

C.C.