
Deito-me, então, ao lado do morto que não quero ser. E dele solta-se um anjo mudo que vem habitar o meu corpo, como um hálito quente.
A vida, como sabes, tem o tempo da areia que se escapa por entre os dedos. Areia rápida e branca. Esvoaçante.
Agora, a ausência – a tua – é um rosto silencioso. E a tua mão está enterrada no tesouro das horas.
Fecho os olhos em fingimento de sono para que a dor não deixe rastro no sangue. Nada se move dentro ou fora de mim, excepto o vento no interior dos ossos…e sou a cidade inteira
desabitada,
abandonada.